Fernanda Tadeu, “professora de corpo e alma”, esteve na manhã desta segunda-feira no programa ‘Dois às 10’ para uma entrevista única, onde, em conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz, assinalou o Dia da Mulher tornando pública a sua história.
“Não sou uma figura pública, sou uma mulher comum”, é desta forma que Fernanda Tadeu se descreve, recusando que a sua história seja resumida ao facto de ser atualmente a mulher do primeiro-ministro de Portugal - António Costa.
“Ninguém define uma pessoa por ser mulher ou marido de alguém. Uma pessoa é um projeto único”, defende.
Foi ainda no liceu que Fernanda conheceu António Costa, era por essa altura uma jovem “normal e tranquila” mas já, “como qualquer adolescente, a querer salvar o mundo”.
O seu gosto pelas crianças levou-a a acreditar que seria através da educação que conseguiria fazer do mundo um local melhor. Dedicou-se ao ensino durante mais de 30 anos, como educadora e mais tarde no âmbito do ensino especial.
“Trabalhei muitas vezes em escolas degradadas, que eram as minhas escolas de eleição”, diz, recordando o quanto, durante os vários anos da sua carreira, foi complicado lidar com o facto de não saber onde seria colocada no início de cada ano letivo. O medo de ficar longe de casa, da família e dos filhos.
“Era uma vida muito dura. Foram anos muito difíceis”, recorda, realçando o apoio do marido sempre que em setembro tinha novidades sobre o seu futuro profissional.
Fernanda admite que nem sempre concorda com o marido, António Costa
Fernanda considera-se uma mulher livre e é com orgulho que diz: “Não tenho medo de nada”. E foi com este mesmo orgulho que em 2008 participou em várias manifestações de professores, descontentes com as políticas do governo do PS que estava na altura no poder.
“Considero-me uma mulher livre e digo sempre o que penso”, reforça, assumindo que chegou a discutir com o marido precisamente por causa das políticas que a levavam a manifestar-se publicamente.
“Nós nessa altura tivemos acesas discussões sobre o tema. Nunca nos entendemos, acho que até hoje não nos entendemos” [risos], acrescenta.
António Costa era na época presidente da Câmara de Lisboa e o número dois do Partido Socialista.
Agora, com o marido no papel de primeiro-ministro, Fernanda diz discordar algumas vezes das medidas do Governo e faz questão de o dizer a António Costa sempre que isso acontece.
“Lá em casa confronto o António muitas vezes com situações com as quais não concordo”, revela, acrescentando a única diferença entre a sua pessoa e todas as outras que discordam de decisões do Governo: “A única vantagem é que eu tenho acesso direto ao primeiro-ministro”.
Fernanda refere que dá muitas vezes a sua opinião e acredita que, em pequenas coisas, ela é levada em conta.
Sobre o muito que se tem dito sobre a sua saúde, a mulher de António Costa esclarece: “Tive um tumor num pulmão que teve de ser tirado e correu tudo bem”.
“A minha vida voltou ao normal e deixou de existir esse problema. Estou 100% saudável. Deixou de ser um problema”, assegura.
"Foi das piores coisas que me aconteceu na vida"
António Costa e Fernanda são pais de Catarina e Pedro, ambos adultos e já completamente independentes. Aliás, foi a saída de casa de ambos um dos piores momentos da vida da educadora.
“Foi das piores coisas que me aconteceu na vida”, diz, referindo-se à saída de casa dos filhos.
“Foi difícil, foi duro. Um dia gostava de escrever sobre isso”, acrescenta Fernanda, que explica que foi esse um dos motivos que levou o casal a deixar a casa onde a família vivia em Sintra.
Agora, garante, aprendeu a viver com essa ausência e é uma mulher feliz e uma mãe muito orgulhosa.