Na cerimónia de inauguração da 91.ª Feira do Livro de Lisboa, Fernando Medina discursou brevemente enquanto presidente da Câmara Municipal para "agradecer reconhecidamente a todo o setor do livro" e disse que desta vez não iria acompanhar Marcelo Rebelo de Sousa "para não haver quem possa recear alguma ação ou intenção de campanha eleitoral" da sua parte como recandidato ao cargo.
Em seguida, o Presidente da República andou cerca de uma hora pelo recinto, subindo o Parque Eduardo VII, até que começaram a aparecer alguns elementos da campanha de Carlos Moedas e depois o próprio candidato social-democrata.
Os dois cumprimentaram-se, rodeados pela comunicação social, e despediram-se após uma curta troca de palavras.
"Gostei muito de o ver nesta grande coincidência de me cruzar aqui consigo, mas sei que é um 'habituée', eu também, então olhe, aqui estamos", declarou Moedas, que usava uma máscara da sua candidatura, com a frase "Lisboa pode ser muito mais do que imaginas".
Na sua intervenção na cerimónia de inauguração, o Presidente da República elogiou esta edição da Feira do Livro de Lisboa, afirmando que "é Portugal no seu melhor" e que constitui "um triunfo da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL)".
Ao longo do seu percurso pela feira, Marcelo Rebelo de Sousa foi prestando declarações aos jornalistas e no cimo do recinto parou para responder a perguntas sobre vários temas da atualidade, como a situação no Afeganistão e a pandemia de covid-19.
Sobre a evolução da covid-19 em Portugal, o chefe de Estado reiterou o entendimento de que se vive uma situação sem comparação com a do passado, assinalando a "tão alta" taxa de vacinação da população. "E daí a normalização progressiva, cuidadosa, sensata da vida social", observou.
Questionado sobre uma eventual terceira dose da vacina contra a covid-19, começou por ressalvar que é preciso "proporcionar vacinas a países mais pobres, mais necessitados e que não podem ficar para trás no processo de vacinação", o que qualificou como "uma questão universal".
"Outra coisa é, à medida que esse problema se resolve: sim ou não avançar para uma terceira toma e relativamente a quem", prosseguiu, defendendo que "aí, como aconteceu em circunstâncias anteriores, os especialistas tem uma palavra a dizer prós e contras, a haver preferências quem deve ir primeiro, quem deve ir depois, e depois naturalmente há questões que são políticas: há meios, não há meios, é possível imediatamente, para quantas pessoas".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, que não tomou posição sobre este assunto, "é esse diálogo e relacionamento entre contributo dos especialistas e papel dos políticos, que funcionou muito bem, em geral, no combate à pandemia, que se coloca também quando se colocar a questão da terceira toma".
Interrogado sobre o papel do coordenador da estrutura responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, o chefe de Estado respondeu que "tem havido aqui uma conjugação muito boa".
Primeiro, destacou a resposta "do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com grande sacrifício dos profissionais, que são milhares de profissionais que acabam por desguarnecer os centros de saúde e por deixar de fazer as suas tarefas normais para se dedicarem a esta campanha, e toda a gente percebe que assim seja", considerando que "sem eles não era possível".
"Mas depois temos de admitir que o enquadramento que houve por parte da componente militar e a ligação entre a liderança da 'task force' e as estruturas de saúde - o ministério, a senhora ministra, a senhora diretora-geral, todas as estruturas - funcionou bem. Isso é mérito de todos. Revela capacidade de chefia do senhor vice-almirante, mas revela uma capacidade de ligação e de conjugação de esforços muitíssimo boa entre o SNS e a 'task force'", completou.