O vice-presidente do PSD David Justino defende que o reforço dos social-democratas nas eleições autárquicas e a vitória de Moedas em Lisboa não são suficientes para se afirmar que foi inaugurado um novo ciclo político no país. "Acho que não. Este ciclo político, que se iniciou em 2015, continua a ser dominado pelo Partido Socialista", declarou durante a Grande Entrevista, na RTP.
No entanto, analisou que o PS manteve um ciclo ascendente até às Legislativas de 2019, pelo que agora se encontra na fase decrescente. "Depois disso, o PS perde. Não só em termos absolutos, mas também em termos relativos", disse.
Exemplos disso foram as eleições regionais na Madeira, "onde o PSD mantém (ainda que coligado com o CDS), e o PS perde".
Seguiram-se as eleições regionais nos Açores. "Quando ninguém esperava, porque a maior parte das sondagens davam maioria absoluta ao PS, Bolieiro, não tendo ganho, consegue formar governo". Depois a "eleição Presidencial", que embora seja uma eleição pessoal, o candidato vencedor, Marcelo Rebelo de Sousa, é apoiado pelo PSD. "E o PS não teve candidato", apontou, recordando que os socialistas não conseguem "há muito tempo" apresentar um candidato seu às Presidenciais.
Por último, o PSD "não ganhou as autárquicas de 2021. Foi o PS que ganhou. E, por isso é que digo que isto ainda é um ciclo PS". Todavia, o número de câmaras perdidas pelos socialistas, o número de votantes perdidos, o número de capitais de distrito perdidas levam David Justino a pensar que, não obstante o PSD ter perdido, o partido teve ganhos que "para o futuro poderão ser um capital muito importante", considerou.
Questionado sobre se não acredita que em 2023 o PSD possa já ser uma alternativa ao PS para governar o país, David Justino respondeu: "Pelo contrário. O que eu disse foi que, neste momento, não estamos perante um novo ciclo político. Este ainda é o ciclo de hegemonia do PS. Em 2023, vamos apostar forte em que acabe o ciclo de hegemonia do PS. 2023, ano de legislativas, é que poderá ser a viragem de ciclo e é nisso que apostamos".
Sublinhando que o PSD "nunca vai a umas eleições para perder", David Justino afirmou que uma coisa é "a nossa predisposição" e que outra é "o entendimento do eleitorado e a situação dos adversários".
De todo o modo, "toda a estratégia corporizada por Rui Rio foi na perspetiva de que as eleições autárquicas de 2021 teriam que dar os sinais indispensáveis para afirmar a alternativa e construir uma maioria capaz de governar o país", disse o social-democrata, elegendo estes como "os dois principais desafios" do PSD nos próximos dois anos. "A alternativa já existe", defendeu. É preciso é "afirmá-la".
E, defendendo a estratégia de Rui Rio e os ganhos do partido nas várias eleições, David Justino atirou que os avanços nos ciclos políticos se fazem "de pequenos e médios passos". "Os grandes só se dão nas melhores oportunidades. E a melhor oportunidade para se dar um grande passo é 2023", rematou.