Portugal pode vir a receber até mil refugiados do Afeganistão, anunciou na noite desta sexta-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros em entrevista à TVI24.
"Estamos a falar de um número que se aproxima de um milhar", esclareceu. "Por agora, porque isto é dinâmico."
De acordo com Augusto Santos Silva, já estão em Portugal 227 refugiados afegãos.
O governante recorda que, numa primeira fase, a prioridade foi retirar os 20 cidadãos portugueses que estavam no Afeganistão e uma família luso-afegã que foi identificada.
"Depois, os cidadãos afegãos que trabalharam com as forças nacionais destacadas. Os militares portugueses que foram destacados para o aeroporto de Cabul trouxeram todos - todos - aqueles que responderam ao nosso contacto e que conseguiram chegar ao aeroporto de Cabul", sublinhou.
Nesta fase, segundo Santos Silva, Portugal está a "apoiar os outros que não conseguiram chegar ao aeroporto antes de ser fechado".
O terceiro grupo prioritário são, de acordo com o ministro, as pessoas que trabalharam para organizações internacionais, como a NATO e a ONU.
Já o quarto grupo "são as pessoas que estão mais em risco e que precisam mais de apoio internacional: as mulheres juristas, as mulheres desportistas, os ativistas de direitos humanos, os jornalistas".
"Já recebemos em Portugal jornalistas, desportistas, ativistas de direitos humanos, e estamos ativamente envolvidos em trazer mais gente", garantiu Santos Silva.
Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.