O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, garantiu esta sexta-feira, em entrevista à SIC Notícias, que está disponível para conversar com Nuno Melo, que acusou de ter entrado "numa escalada de agressão verbal".
"Eu estou disponível, naturalmente, para chegar a uma solução de compromisso com o dr. Nuno Melo", assegurou, apontando que, para isso, o adversário "tem de ser capaz de estabelecer compromissos respeitando as decisões dos orgãos do partido, que são soberanos. Não adianta causar o caos."
O líder do CDS diz mesmo que não há "nenhum choque de ideias" com Nuno Melo porque nunca o viu a "propor uma ideia para o país desde que se anunciou como candidato".
Por outro lado, o presidente do CDS-PP acusa Nuno Melo e os seus apoiantes de "terem entrado numa escalada de agressão verbal e num ambiente tumultuoso que impede o partido de falar para fora" e que descapitaliza o CDS aos olhos dos eleitores.
Francisco Rodrigues dos Santos sublinha que a decisão de adiamento do congresso do CDS é "completamente irreversível", mas garante que não tem medo de ir a votos, até porque acredita que venceria as diretas.
"Estou absolutamente convencido que o venceria", afirmou. "Se o Congresso foi cancelado, foi porque o órgão máximo, que é o Conselho Nacional, assim deliberou."
Além disso, de acordo com Rodrigues dos Santos, "o principal constrangimento" à realização das diretas é "a necessidade de afirmar o partido para o país, construir um programa com tempo, peso e medida, refrescar o nosso friso de protagonistas e conseguir estudar uma estratégia eleitoral que pode ou não integrar uma lógica de coligação". "Tudo isto num partido que têm de se reerguer e afirmar pujantemente ao país... Não se consegue fazer em seis semanas", sublinhou.
"O programa tem de ser criado num clima de concórdia", defendeu. "O dr. Nuno Melo sabe que, de acordo com as regras do partido, não é possível neste momento termos um Congresso, cumprindo as normas dos estatutos, nos prazos que ele quer que ele aconteça."
"Por que diabo eu não terei legitimidade para apresentar o partido em urnas?"
Apesar de o mandato de Francisco Rodrigues dos Santos acabar antes das eleições legislativas, este defende que "até novo Congresso, o líder está sempre legitimado" e deu o exemplo de Paulo Portas, que já "fez três anos de mandato".
"A legitimidade não é contada por dias. Se eu tenho legitimidade, até 20 de dezembro, para fazer o programa, apresentar listas, fechar listas, por que diabo eu não terei legitimidade para apresentar o partido em urnas para executar a minha estratégia, o meu programa?", questionou. "O que seria estranho era verificar outro presidente do partido."
Questionado sobre as saídas do CDS, o centrista demarca-se de culpas e diz que os militantes que se desvincularam e que agora contestam a sua legitimidade "nunca a reconheceram" desde que foi eleito.
"Eu nunca tive, da parte destas pessoas, reconhecimento da minha legitimidade", acusa. "Portanto isto não é um problema que se resolvesse se houvesse Congresso."
Já sobre o anúncio de que Cecília Meireles deixará de ser deputada pelo CDS-PP, Rodrigues dos Santos afirma que a "maior prova de confiança pessoal e política" que tem no trabalho daquela que considera "a melhor deputada" do partido é que nunca lhe pediu para abandonar o lugar para que pudesse estar, ele mesmo, no Parlamento.
"Porque eu sou o número dois pelo círculo eleitoral do Porto. E eu sempre soube, sobretudo no contexto pandémico, que era fundamental o líder do CDS lá estar e interpelar diretamente o Primeiro-ministro", defendeu o centrista.
"Cecília Meireles só não continuará como deputada se assim não quiser, porque terá obviamente lugar nas listas."
Sobre as legislativas, o presidente do partido garante que não tem "receio absolutamente nenhum de levar o CDS sozinho a eleições" e tem a certeza que, se assim o fizer, não irá perder deputados na Assembleia.
Ainda assim - e adiantando que ainda não falou formalmente com Rui Rio -, Rodrigues dos Santos não exclui essa possibilidade.
"Não abordei a questão com o dr. Rui Rio. Em abstrato, é natural que esteja em cima da mesa essa possibilidade", afirmou, excluindo no entanto a inclusão de outros partidos de direita.