MENU
"Fase de incerteza". Uma semana de contenção "pode não ser suficiente"
Notícias
Publicado em 20/12/2021

 

 A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, defendeu esta segunda-feira que uma semana de contenção dos contactos, depois do Natal e do Ano Novo, pode não ser suficiente perante o panorama de aumento de contágios e face à grande "incerteza" que representa ainda a variante Ómicron.

Em entrevista ao Polígrafo SIC, a responsável disse estar "muito atenta ao que está a acontecer", explicando que o país está numa fase de "transição muito rápida".

"Temos estado com a variante Delta em circulação, estávamos com uma situação confortável até estes últimos dias, porque o Rt estava com uma tendência decrescente, havia (e há) o aumento de infeções mas sem o impacto demasiado grande nos internamentos e mortes".

Resumindo: "A situação era aparentemente de controlo e de estabilidade". No entanto, "de repente, estamos perante uma situação de altíssima incerteza". Uma incerteza que "advém de dois fatores muito importantes", explicou: "a rapidez com que, de facto, a variante Ómicron se está a transmitir e a instalar" e "mesmo que não venha a tornar-se muito grave, muito agressiva, pode só pelo volume potencial de novos casos vir a gerar pressão sobre o sistema de saúde, que é tudo o que não queremos nesta altura". 

"Temos de estar muito atentos. [A propagação da Ómicron] começou há muitos poucos dias e atingiu proporções acentuadas e graves em dois países da Europa. É por essa incerteza que estamos atentos e vigilantes", acentuou.

Graça Freitas esclareceu que a DGS foi consultada pelo Governo para a adoção de novas medidas, que serão decididas na reunião de Conselho de Ministros marcada para amanhã e anunciadas depois pelo primeiro-ministro. Não querendo antecipar-se às decisões que o Executivo tomará amanhã, a diretora-geral vincou que o Governo tem toda a informação necessária e suficiente para tomar as medidas necessárias.

Graça Freitas defendeu que devem ser tomadas "medidas cumulativas" - "não há uma medida única que seja milagrosa", vincou - que passem pelo aumento da testagem, o reforço vacinal, a ventilação dos espaços e a limitação dos aglomerados. "Para uma situação de alta incerteza como aquela que temos devemos ter a máxima precaução e adotar medidas cumulativas e precoces", disse.

As medidas são "aquelas que já conhecemos", afirmou ainda, podendo é ser tomadas "com maior ou menor vigor, ser mais de auto regulação ou mais de imposição". Estas, acrescentou, são "mais ou menos consensuais entre os peritos": "Continuar a incentivar a vacinação, a questão dos testes em diferentes situações, e todas as medidas que tenham a ver com aglomerados de pessoas nos interiores", assim como a "ventilação dos espaços". "Vão ventilando, arejando, sobretudo se estiverem muitas pessoas no mesmo espaço". 

Se Graça Freitas pudesse escolher, "dizia às pessoas para moderarem muito os seus contactos". "Se fizermos múltiplas festas de Natal, com múltiplas pessoas convidadas, estamos a correr um risco. No fundo, temos de relativizar e pensar o que podemos fazer para minimizar os riscos". A diretora-geral indicou ainda que uma semana de contenção após a quadra natalícia pode não ser suficiente perante este panorama. "Estamos a lidar com um fenómeno novo, diferente daquele que tínhamos há duas semanas, e pode ser necessário, eventualmente, ampliar esse período", defendeu, acrescentando que essa é uma decisão do Governo, que tem "toda a legitimidade para o fazer". 

 

"Neste momento, se há uma incerteza muito grande, deve haver uma cautela ainda maior. E essa cautela tem que ser tomada precocemente, com medidas cumulativas, apesar de termos a vacinação que é uma mais-valia em relação a outros países", reforçou. 

Comentários