A Suíça e a Grécia foram, no entanto, os que registaram um maior excesso de óbitos nos últimos meses do ano.
Estas são as principais conclusões de um estudo internacional que analisou o impacto da pandemia no excesso de mortalidade registado, durante o ano de 2020, em Inglaterra, Grécia, Itália, Suíça e Espanha.
O estudo, liderado pela Escola de Saúde Pública do Imperial College London, e realizado por investigadores do Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII), em colaboração com a Universidade de Castilla-La Mancha, foi publicado na revista "Nature Comunnications".
Utilizando dados do período 2015-2019 e modelos de projeção estatística, os investigadores tentaram contar as mortes que teriam ocorrido nesses cinco países se a pandemia não tivesse acontecido.
Os autores lembram que essas estimativas incluem mortes por todas as causas, não apenas por covid-19, e que o excesso de mortes, especialmente durante a primeira vaga, corresponde a uma parte significativa dos óbitos pelo SARS-CoV-2, mas também por outros motivos relacionados com a pandemia -- como pessoas que morreram de covid-19, mas não foram oficialmente diagnosticadas.
O estudo conclui que Itália, Espanha, Inglaterra e País de Gales foram os países com maior excesso de mortes na primeira vaga, e a Suíça o com maior excesso de mortalidade nos últimos meses do ano.
Em Espanha, as estimativas de excesso de mortes na pandemia foram analisadas no Centro Nacional de Epidemiologia ISCIII através do Sistema de Monitorização da Mortalidade Diária (Momo).
De acordo com o estudo, Madrid, Castilla-La Mancha, Castela e Leão e Lombardia (Itália) foram as regiões com maior excesso de mortalidade durante o primeiro ano da pandemia, cerca de 30% acima do esperado.
Durante a primeira metade do ano, o norte de Itália e o centro de Espanha foram as áreas mais afetadas.
Por seu lado, em Inglaterra, Grécia e Suíça as regiões com maior excesso de mortalidade foram os arredores de Londres e West Midlands (Inglaterra), Macedónia Oriental, Ocidental e Central (Grécia) e Ticino (Suíça), com excesso de mortalidade próximo de 20% em 2020.
Por sexo, ao comparar o número de óbitos registados entre 2015 e 2019 com os de 2020, os resultados das investigações mostram que em Inglaterra morreram mais 40.631 homens e 27.739 mulheres do que o esperado, seguida de Itália, com 59.327 homens e 52.206 mulheres, de Espanha, com 35.868 homens e 33,208 mulheres, da Grécia, com 5.380 homens e 5.909 mulheres, e da Suíça, com 5.788 homens e 4.526 mulheres.
Por fim, os autores apontam que o deslocamento influenciou a transmissão comunitária durante os estágios iniciais da pandemia, lembrando que era importante limitá-la nas principais regiões de contágio e controlar a transmissão para minimizar a disseminação para outros países e lugares.
A covid-19 provocou mais de 5,63 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.788 pessoas e foram contabilizados 2.507.357 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.