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Reinado de terror imposto pela família Kani a um pequeno município do país durou quase oito anos
Notícias
Publicado em 13/01/2021

Eles eram a família do inferno. Por anos, os irmãos Kani mantiveram uma pequena cidade líbia em suas garras assassinas, massacrando homens, mulheres e crianças para manter sua autoridade. Agora, os crimes deles estão sendo lentamente revelados.

Há sete meses, trabalhadores em macacões brancos de proteção contra produtos químicos estão voltando para a pequena cidade agrícola de Tarhuna, a cerca de uma hora de carro a sudeste da capital da Líbia, Trípoli. Eles marcaram retângulos com fita vermelha e branca, através dos campos de terra marrom-avermelhada, e desses lotes levantaram 120 cadáveres, embora grandes áreas ainda permaneçam intocadas.

 

"Cada vez que escavo um novo cadáver, tento ser o mais cuidadoso que posso", diz um dos trabalhadores, Wadah al-Keesh. "Acreditamos que se você quebrar um osso, a alma dele vai sentir."

Alguns parecem ser os corpos de jovens lutadores mortos em batalhas em torno de Tarhuna no ano passado, no nono ano da guerra civil da Líbia. Mas muitos são civis (incluindo mulheres e crianças de apenas cinco anos), alguns com sinais de tortura.

Os corpos enterrados são o legado horrível de um reinado de terror, que durou quase oito anos, imposto à cidade por uma família local, os Kanis, e a milícia que eles criaram.

Três dos sete irmãos Kani estão mortos agora, e os outros foram obrigados a fugir em junho de 2020 por forças leais ao Governo do Acordo Nacional (GNA) da Líbia, reconhecido pela ONU, mas até agora muitos residentes de Tarhuna têm medo de falar sobre seus crimes. Alguns dizem que ainda estão sendo ameaçados de longe pelos apoiadores dos Kani.

Juntar a história dos irmãos — Abdul-Khaliq, Mohammed, Muammar, Abdul-Rahim, Mohsen, Ali e Abdul-Adhim — não é fácil. Mas o que emerge das conversas com aqueles que os conheciam é uma história aterrorizante de como uma família pobre aproveitou o caos que envolveu a Líbia após sua revolução de 2011 contra o ditador, o coronel Muammar Gaddafi, e passou a governar sua comunidade com crueldade absoluta.

"Aqueles sete irmãos eram pessoas rudes, sem educação. Seu status social era zero", diz Hamza Dila'ab, advogado e ativista comunitário, que se lembra de tê-los conhecido em casamentos e funerais antes de 2011.

"Eles eram como um bando de hienas quando estavam juntos. Eles xingavam e brigavam. Eles podiam até bater uns nos outros com varas."

 

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