Uma resolução da ala democrata do Congresso dos EUA culminou no corte da ajuda militar a El Salvador, pequeno país na América Central. A medida está em vigor desde o dia 1 e seria uma resposta a alegações de corrupção no país, informou a Associated Press.
A decisão faz parte da lei orçamentária deste ano, assinada pelo presidente Donald Trump em 27 de dezembro. Uma cláusula do documento proíbe o acesso a um financiamento do Departamento de Estado para a aquisição de equipamentos de defesa norte-americanos.
O presidente Nayib Bukele, acusado de tomar medidas autoritárias em seu governo tentou dissuadir os líderes norte-americanos. Não teve sucesso.
Desde agosto, Bukele tenta melhorar sua imagem em Washington. O presidente salvadorenho chegou a contratar o lobby de três empresas norte-americanas após escândalos que apontavam seu envolvimento com o grupo criminoso MS-13, que age nos EUA, e perseguição a dissidentes e jornalistas.
Apesar de não afetar recursos para o combate do narcotráfico, fornecidos pelo Pentágono, a medida esfria as relações dos países da América Central com os EUA.
Washington garante ajuda militar a países como Israel, Egito e pelo menos outros dez países em um montante que chega a US$ 5,6 bilhões. Desde 2016, El Salvador havia recebido cerca de US$ 15 milhões – em 2020, foi apenas US$ 1,9 milhão.
A proibição também foi estendida aos vizinhos Honduras e Guatemala. Os últimos auxílios para os dois países receberam foram pagos pelos EUA ainda em 2018.
Decisão controversa, diz embaixadora
A atual embaixadora dos EUA no país, Milena Mayorga, classificou o movimento como “contraditório”. “É uma redução que contraria décadas de estreita cooperação militar entre os países”, disse.
Segundo ela, El Salvador foi um dos poucos países latino-americanos a participar da coalizão liderada pelos EUA na invasão do Iraque, em 2003.
Além disso, o aeroporto internacional do país é um dos poucos usados pelas Forças Armadas dos EUA em missões anti-drogas de toda a América Latina. “Seria vital que reconsiderassem”, disse em entrevista à AP. “Você sempre precisará comprar ferramentas para combater a insegurança”.