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Último dia de campanha com sondagens e "sobressaltos democráticos"
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Publicado em 23/01/2021

As últimas horas de uma campanha passada numa das fases mais agudas da epidemia, com recordes de mortes e infectados num país em estado de emergência e sob confinamento, foi caldeada pelos sete candidatos por (poucas) ações de rua e (muitas) "on-line".

Na campanha de Ana Gomes, apoiada pelo PAN e pelo Livre, passaram nos últimos dias dirigentes do PS, como Duarte Cordeiro, mas hoje foi a vez de aparecer Pedro Nuno Santos, ministro das Obras Públicas.

E do dia anterior ficaram as palavras do ex-líder parlamentar do PS Francisco Assis que, num comício 'on-line', pediu um "sobressalto democrático" à esquerda democrática para derrotar a extrema-direita.

A própria candidata frisou que o PS "nunca faltou a nenhum combate pela democracia" e já hoje afirmou que a sua é "a única do socialismo democrático".

À esquerda, a candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias, aproveitou a passagem pela sua cidade natal, Coimbra, para fazer um "último apelo" ao voto: "Já toda a gente percebeu que a campanha virou, houve quem quisesse fazer desta campanha uma campanha do ódio e do insulto, mas a solidariedade está a ganhar e é isso que vamos ver no domingo, no voto."

Antes do comício do fim do dia, em Lisboa, também transmitido com Jerónimo de Sousa, líder do PCP, e de Heloísa Apolónia, mandatária nacional e dirigente dos Verdes, o candidato comunista esteve em Alverca, Vila Franca de Xira, e disse que conhecer a Constituição é a "melhor vacina" contra quem quer subvertê-la.

Nos dois últimos dias de campanha, PSD e CDS fizeram apelos diretos ao voto em Marcelo Rebelo de Sousa no domingo.

O primeiro a fazê-lo, através de comunicado da sua comissão permanente, na quinta-feira, foi o PSD, e hoje o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, optou por fazer uma declaração na sede do partido, em Lisboa.

Marcelo terminou a campanha em Celorico de Basto, Braga, terra da avó Joaquina, para onde partiu, do Porto, a conduzir o seu carro a ouvir "Dream a little dream of me" ("Sonha um pequeno sonho sobre mim"), canção gravada pelo grupo norte-americano The Mamas & the Papas e por Louis Armstrong e Ella Fitzgerald.

À direita, o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, encerrou a campanha com um comício 'on-line' e disse que concorreu às presidenciais para não deixar o combate entregue a socialistas, extremistas e populistas e mostrar uma alternativa ao "calculismo" de Marcelo Rebelo de Sousa.

E para domingo, dia das eleições, Mayan perspectivou um "vendaval liberal".

Ainda mais à direita, André Ventura, candidato apoiado pelo Chega, criticou o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa à tentativa de agressão, de que foi alvo em Setúbal, por manifestantes antifascistas e de cidadãos de etnia cigana, comunidade muito visada pelo discurso extremado deste político.

"Ficou muito mal" ao Presidente, disse André Ventura,

Já o candidato presidencial Vitorino Silva assinalou o fim da campanha na sua terra-natal, Rans, Penafiel, com uma frase-síntese: "Vim aqui para dizer que mesmo sem pai, e que nunca tive padrinhos, uma pessoa pode concorrer a Presidente da República de igual para igual."

No último dia para publicação de sondagens pré-eleitorais, saíram três -- ISCTE/ICS, Aximage e Eurosondagem - e todas ela deram vantagem a Marcelo Rebelo de Sousa, presidente e candidato com apoio do PSD e CDS, a rondar os 60%, à frente de Ana Gomes, em torno dos 14%, que aparece sempre antes de André Ventura, o concorrente do Chega, com intenções de voto acima dos 10%.

Na disputa à esquerda, Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, e João Ferreira, que concorre com o apoio do PCP e dos Verdes, surgem com votações idênticas, em torno dos 5% e 6%.

Tiago Mayan Gonçalves, da Iniciativa Liberal, surge sempre em sexto lugar, com resultados em torno dos 2%, e Vitorino Silva é invariavelmente o último, com percentagens próximas de 1%.

A dois dias das eleições, o Governo admitiu hoje dificuldades para formar as mesas de voto, em 15 concelhos, uma consequência da epidemia e de sucessivas desistências, seja por testarem positivo, devido ao confinamento profiláctico, seja por medo.

Apesar das dificuldades, o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, disse hoje à TSF que as eleições se realizarão e as mesas estarão a funcionar. Ainda que, em alguns locais, passe a funcionar não com cinco membros, mas sim com o número mínimo, três.

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