Jorge Jesus disse, esta quarta-feira, concordar com Rui Costa, quando o administrador da SAD do Benfica avisou que é preciso assumir responsabilidades pelo mau momento da equipa. Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro com o Estoril, o treinador deixou, ainda, rasgados elogios a Lucas Veríssimo.
Estoril atravessa bom momento: É uma competição nova, mas uma competição que é querida por todos os adeptos, treinadores e jogadores. Todos querem estar na final. Temos essa possibilidade de poder disputar com o nosso rival a final. O Estoril eliminou três equipas da I Liga, tem uma ideia de jogo muito interessante, que sabe que tem a grande hipótese de poder chegar a uma final. Vai estar super motivada, mas os jogadores do Benfica... Nos últimos 10 ou 15 anos ganhámos três Taças de Portugal, mas, para nós, é tão ou mais importante estar na final. Vamos estar tão ou mais motivados. O nome ou o estatuto não define o nosso adversário. Queremos estar ao nosso melhor nível. Temos vindo a recuperar do que nos fez perder alguma competitividade. Já nos enche o ego ver todos os jogadores a trabalhar.
Taça de Portugal é o principal objetivo: O principal objetivo é e sempre foi o campeonato. O segundo... Há vários, mas o nacional é a Taça de Portugal. Temos ainda uma palavra a dizer na Liga Europa. Começou a segunda volta do campeonato, temos muitos pontos de atraso, mas sabemos que, no futebol, tudo pode mudar. Pode acontecer o que aconteceu ao Benfica a outra equipa qualquer. Estamos preparados para o desafio jogo a jogo, mas acreditando que ainda temos uma palavra a dizer.
Gerir na I Liga a pensar na Liga Europa e na Taça de Portugal: Hoje, posso fazer isso. Se não quiser por estes jogadores a jogar, ponho outros. Mas há um mês atrás não podia. Tinha oito, nove ou dez, e os outros estavam em casa, doentes. Tenho essa possibilidade de poder mexer na equipa com a confiança de que tenho jogadores completamente recuperados à procura da melhor forma. Esse é o meu grande desafio, recuperar os jogadores individualmente para que o Benfica, coletivamente, volte a ser uma equipa forte.
Rui Costa afirmou que há responsabilidades por assumir por todos: Temos todos que assumir as responsabilidades daquilo que, durante esse mês, fizemos. Perdemos 11 pontos: A Covid-19 não explica tudo, mas foi o responsável número 1 de tirar os jogadores do seu valor individual. Coletivamente, a equipa não teve essa capacidade durante 90 minutos. Todos vamos ter que assumir responsabilidades. Hoje não temos casos de Covid-19 na equipa. Temos que trabalhar em cima do que achamos que temos possibilidade de poder melhorar. Temos que falar muito menos e jogar mais. Mas, para jogar mais, temos que ter condições para o fazer. Tirando o Waldschmidt e o André [Almeida], tenho todos os jogadores para tomar decisões, para lançar quem está melhor e contactar com eles. Durante um mês e tal, isso não aconteceu, e vejam quantos pontos o Benfica perdeu. O Rui tem razão. Não foi só a Covid-19. Houve coisas que fizemos que temos que assumir e não voltar a fazer. Todos temos uma palavra, que é em defesa do Benfica. Tínhamos que fazer melhor do que fizemos até aqui, mas sabemos por que não fizemos melhor. Eu é que sou o treinador, e não podia trabalhar porque estive três semanas em casa.
Lucas Veríssimo: Neste momento, jogamos com dois centrais, o Nico e o Vertonghen, a chegada do Lucas e a subida do Morato. O Ferro saiu. Demos-lhe a possibilidade, que ele pediu muito para se valorizar e jogar. O Todibo, a mesma coisa, e o Jardel está lesionado. O Lucas Veríssimo chegou há dois ou três dias, está a adaptar-se à nossa forma de jogar. Ele sabe as minhas ideias porque falou com muitos jogadores que foram treinados por mim. É mais rápido do que qualquer um dos outros e tem as suas caraterísticas específicas. É um jogador que veio para acrescentar. Ainda não é o momento ideal para o podermos lançar, só se algum dos centrais aparecer lesionado, mas acreditamos muito no valor dele.
Jogar com três centrais: Lucas Veríssimo dá mais segurança. O Santos jogava muito com três defesas, portanto ele está habituado a jogar com essa ideia de jogo. O Vertonghen também joga assim na seleção. Não é um sistema prioritário. Pode ser num ou outro jogo em que uma estrutura com três centrais nos dê mais equilíbrio, talvez na Liga Europa.
Adaptação de Lucas Veríssimo: Ele tem uma vantagem, porque vem de competição. Depois, a adaptação, penso que não será assim tão difícil. Felizmente, já não lhe vai acontecer nada, a não ser que se lesione, porque já teve Covid-19 no Brasil. Quem não teve a doença, parece que é fácil... Estou aqui a falar com vocês, mas se tivesse que ir jogar não conseguia, e já tive contagiado há 15 dias. Agora, voltar a correr, com falta de respiração e dores de peito... Além disso, todos perdem peso. Sabem quanto peso perdi? Perdi seis quilos. Todos os jogadores perdem. Não é uma constipaçãozinha. Se é num, dois ou três jogadores... Mesmo assim, houve equipas que tiveram quatro ou cinco e adiaram jogos, como foi o caso do Manchester City, e em Portugal também. Não tivemos esse problema. Do plantel todo, só três jogadores não tiveram Covid-19: Chiquinho, Rafa e Samaris. Todos os outros estiveram em casa mais de duas semanas sem poder treinar. Em relação ao Lucas, o problema não se coloca, desde que não tenha nenhuma lesão. Notei nele um jogador competitivo, com uma condição física boa para se, amanhã o quisesse por a jogar, tenho a certeza que não seria por aí que não jogaria bem. Do ponto de vista competitivo, está a 100%.
Sporting é favorito ao título: Não tenho dúvidas de que o Sporting é o principal favorito. Isso de jogar jogo a jogo são estratégias que respeito, mas o principal favorito, neste momento, é o Sporting, por mérito próprio. Tem uma vantagem em relação a Benfica, Sporting de Braga e FC Porto, que é jogar só de semana a semana, prepara o jogo como quer. Nós não temos esse problema, e ainda bem. Se isto for verdade como dizem os cientistas, a Covid-19 acabou para o Benfica durante três meses, e são três meses em que acreditamos que nos vamos repor para podermos ser melhores do que os adversários.
Benfica defronta Arsenal em Roma: Influencia os dois. É um fenómeno ao qual nos temos que adaptar. Já não se pode jogar nem em Inglaterra, nem em Portugal, e teve que se escolher um país para jogar. Claro que queríamos jogar em Espanha, mas não podemos. Há a possibilidade de ser em Roma, que também é vermelho, apesar de ser um estádio com uma pista muito grande. Quando tivermos que jogar no campo do adversário, na Grécia... Tudo isto é novo no futebol. Treinadores e adeptos têm que se adaptar a isto. Gostávamos muito de jogar no estádio da Luz, com 60 mil a puxar pelos jogadores do Benfica. Isso é outra alma. Até com Covid-19 corremos mais. Sentimos muito a falta deles. Espero que percebam que este período que a equipa sofreu não tem a ver com falta de tática, com os jogadores não quererem correr. Teve a ver com o facto de andarmos um mês a arrastar-nos. Não tínhamos mais para dar.
