O grupo, que inicialmente contava com 350 pessoas, "agora tem cerca de 500 membros, devido à chegada de mais migrantes de outras regiões do Brasil", que procuram cruzar o país andino e marchar rumo a norte, disse à agência espanhola Efe a prefeitura da cidade brasileira de Assis, que está a dar assistência aos migrantes.
Segundo a autarquia de Assis, no estado amazónico do Acre e com pouco menos de 8.000 habitantes, o município "está à beira do colapso" com uma situação de aglomeração que ocorre em plena pandemia de covid-19, agravada pelo surgimento da uma nova estirpe mais contagiosa de covid-19 (P.1) na Amazónia brasileira.
"A maioria dessas pessoas, principalmente mulheres e crianças, está em abrigos que nós montamos e até em hotéis, mas a capacidade não dá para mais e por isso pedimos a intervenção do Governo do Acre e do Governo Federal porque o número continua a aumentar", comentou um porta-voz da prefeitura.
Na terça-feira, após uma forte chuva que destruiu parte das tendas em que os migrantes estavam acampados na Ponte de Integração, o grupo tentou cruzar à força a fronteira para entrar na região de selva de Madre de Dios, em território peruano, mas foi impedido pelas autoridades.
Entre os incidentes que resultaram em cargas policiais, disparos de gás lacrimogéneo e empurrões, a polícia peruana devolveu grande parte dos migrantes, principalmente haitianos, mas também cidadãos de países africanos como Serra Leoa, Senegal e Costa do Marfim.
Apesar da Ponte da Integração estar fechada para o trânsito de pessoas e veículos durante quase toda a pandemia, a circulação de camiões com alimentos, mercadorias essenciais e artigos de primeira necessidade foi mantida.
Porém, desde o último fim de semana, quando ganhou força o boato de que o Peru permitiria a entrada, informação posteriormente negada pelas autoridades peruanas, os migrantes decidiram bloquear a passagem de camiões tanto na direção de Iñapari (Peru), quanto de Assis.
"São cerca de 100 homens adultos que permanecem acampados e fazem isso como uma forma de pressão para que lhes seja dada uma solução para o seu problema", disse o porta-voz da Prefeitura.
Organizações sociais e religiosas de ambos os países têm defendido que os migrantes cruzem o Peru e continuem a sua rota para o México, Estados Unidos, Canadá ou para o seu próprio país nas Caraíbas.
Na segunda-feira, o governador do Acre, Gladson Cameli, contactou o ministério das Relações Exteriores para administrar "um pedido de caráter humanitário, por via diplomática" que autorize a entrada dos migrantes em território peruano, mas a tutela ainda não fez nenhum pronunciamento oficialmente nesse sentido.